LAR contempla história e cultura negra na formação das crianças
Fundadoras do Adeola Princesas e Guerreiras, que trabalham questões étnico-raciais por meio de apresentações lúdicas, desenvolveram projeto com alunos e educadoras da ONG
Contar histórias de líderes negras africanas e brasileiras para crianças, de forma lúdica, interpretando princesas guerreiras. Essa foi a forma como as estudantes universitárias Denise de Oliveira Teófilo e Raísa Carvalho encontraram para valorizar e inserir a cultura negra nas escolas, trabalhar o reconhecimento e o respeito às diferenças e combater o racismo.
Recentemente, o tema ganhou força com as manifestações antirracistas mundo afora. Denise afirma: “É preciso que as crianças conheçam a história de lideranças negras e a própria história mundial e do Brasil do ponto de vista que não seja o do colonizador branco”.
Por meio do projeto Adeola Princesas e Guerreiras (Adeola é uma palavra em iorubá que significa “coroa de riquezas”, simbolizada fortemente no turbante, que seria a coroa do reino carregada de saberes), desde 2015, elas já percorreram quase todas as regiões do Brasil e se apresentaram para mais de 4 mil alunos e alunas.
No ano passado, desenvolveram um programa com as crianças e educadoras do Centro de Educação Infantil (CEI) — que funciona em parceria com a Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo — do LAR.
Na ONG, o projeto foi além da contação de história e consistiu na realização de uma série de atividades ao longo do tempo. “Foi muito importante fazer esse trabalho, pois parte das crianças atendidas pelo LAR é negra e, além disso, sabemos que, desde as primeiras experiências de socialização, o racismo — ou o antirracismo — vai sendo reproduzido”.
No decorrer dos encontros, foi trabalhado como as crianças se enxergavam através do espelho, elas representaram a árvore da família e ouviram histórias. “Também propusemos que se transformassem em guerreiros e guerreiras e realizamos a oficina de turbante e a coroação”, conta Denise. Posteriormente, ocorreram novas oficinas, desta vez também com as educadoras. “Olhamos para os anseios das professoras, o que estavam buscando, o que imaginavam e fizemos apresentações e atividades para que elas pudessem criar a sua própria história”.
Denise lembra que, no Brasil, a cada 23 minutos, um jovem negro é morto pela polícia, e são muitos os casos de crianças negras que a polícia tem assassinado. “Essas relações estão roubando vidas e roubando o nosso ar todos os dias”, diz em referência ao brutal assassinato do afro-americano George Floyd por um policial branco, em 25 de maio, em Minnesota, nos Estados Unidos, fato que originou a atual onda de protestos mundiais. “Cabe a nós fazermos a mudança acontecer”, afirma. A educação sobre as relações étnico-raciais é o caminho para construir uma sociedade democrática e plural.
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