Pandemia acentua as desigualdades educacionais no país
Diferenças entre escolas públicas e privadas em relação ao ensino remoto, formação dos professores e condições de estudo dos alunos são reforçadas com a crise
No Brasil, a desigualdade na educação se mostra em muitos aspectos — no acesso a um ensino de qualidade, no desempenho dos alunos em avaliações, nos investimentos na formação de professores, na oferta de condições e de recursos adequados à aprendizagem. Se a distância que separa as escolas da rede pública das instituições particulares já era grande, com a pandemia, ela se tornou ainda maior.
É por isso que ONGs de Educação, como o LAR, exercem um papel ainda mais relevante em meio à crise do novo coronavírus. A qualidade das atividades de contraturno oferecidas como português, matemática e música, entre outras — são essenciais para o desenvolvimento de jovens em situação de vulnerabilidade social.
Claudia Aratangy, diretora do Centro de Formação de Educadores da Vila, explica que a situação dos estudantes também influencia no aprendizado. “As famílias de escolas particulares têm mais acesso à internet, o que permite que, de alguma forma, essas escolas consigam manter algum tipo de atividade com seus alunos”. Já na rede pública, ainda que os alunos ou famílias tenham celular, muitas vezes não dispõem de rede de acesso ou têm plano de internet insuficiente.
Para que este cenário não impedisse o aprendizado dos alunos, o LAR optou por utilizar as redes sociais — principalmente o whatsapp — para envolver os jovens no estudo. Por meio desse recurso os professores puderam gravar vídeos com aulas, propor atividades e manter o contato próximo com as famílias.
Outra disparidade entre as redes que se reflete no aprendizado dos alunos diz respeito à formação dos professores. “Os educadores precisam não só conhecer e saber usar as ferramentas tecnológicas, mas também refletir sobre isso e articular a utilização com fins pedagógicos.” Para ela, a mudança para o ambiente virtual implica em adaptação, que pode ser mais ou menos difícil dependo dessa formação.
Nesse sentido, o trabalho dos educadores do LAR foi essencial para criar soluções pedagógicas eficazes mesmo que a condição material dos estudantes não seja a ideal. Os professores da ONG são profissionais altamente qualificados — tanto na experiência quanto na formação — e, por isso, são os mesmos que dão aulas em escolas particulares e clubes da elite paulistana.
De acordo com Claudia Aratangy, um aspecto positivo da crise foi trazer à tona a questão da desigualdade educacional. “É importante que as pessoas percebam que essas disparidades são estruturais e ruins para todo mundo. Enquanto sociedade, não podemos achar normal que exista um fosso desse tamanho”.
Para conhecer mais sobre o trabalho realizado no LAR, acesse o nosso site: www.bencaodivina.org.br
Caso queira contribuir com este trabalho na forma de doação, acesse: lar.colabore.org
